segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Gênero das palavras


Quando se fala em gênero das palavras, este termo nos remete aos conhecimentos dos quais dispomos acerca dos fatos linguísticos. Gênero, por sua vez, representa as flexões que se atribuem às classes de palavras, tais como os substantivos, os adjetivos, entre outros, quanto à classificação em feminino ou masculino. Enfim, flexões que permitem que tais classes permutem, variem.

Assim sendo, afirma-se que o gênero diz respeito à variação da forma masculina e da feminina, inerente a alguns vocábulos. Ele, assim como tantos outros elementos que perfazem a língua como um todo, torna-se passível de alguns questionamentos por parte de alguns usuários – fato esse que deu origem à finalidade discursiva do presente artigo.

Dessa forma, no intuito de abordar determinadas ocorrências que retratam o assunto em questão, eis que passaremos a analisá-las e, consequentemente, incorporá-las ao nosso conhecimento.


# O êxtase ou a êxtase?
Devemos levar em consideração que êxtase é um substantivo masculino. Portanto, convém sempre dizermos: O ÊXTASE.

# O musse ou a musse?
Em se tratando da concepção atribuída nos dicionários Aurélio e Houaiss, musse é um substantivo feminino. Logo, A MUSSE.

# O guaraná ou a guaraná?
Guaraná é um substantivo masculino. Portanto, O GUARANÁ.

# O dó ou a dó. Você está com um dó imenso ou uma dó imensa?
Acredite: o correto é O DÓ, proferido na forma masculina.

# O diabete ou a diabete?
Partindo do pressuposto de que diabete ou diabetes é um substantivo comum de dois gêneros, tanto faz. Podemos dizer O DIABETE, A DIABETE, A DIABETES, O DIABETES.

# O chinelo ou a chinela?
Cumpre dizer que ambas as formas são aceitas. No entanto, O CHINELO é a forma mais usual.

# O cal ou a cal?
Cal é um substantivo feminino. Portanto, nada mais conveniente que dizermos A CAL.

# O alface ou a alface?
A ALFACE, visto que tal substantivo é feminino.

# O omelete ou a omelete?
Em se tratando deste caso, vale ressaltar as diferenças demarcadas entre alguns dicionários, uma vez que o Aurélio registra “a omelete”, enquanto que o Houaiss e o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) consideram omelete como um substantivo comum de dois gêneros. Sendo assim, as duas formas são consideradas corretas.

Interjeições




Percebeu quão diversificados são os recursos linguísticos dos quais podemos compartilhar para compor nosso discurso? Servimo-nos de forma específica das preposições, cuja finalidade se atribui à forma pela qual expressamos os mais variados sentimentos que norteiam nossa vivência.

Diante disso, as circunstâncias em que se mostram aplicáveis se referem às intenções do próprio emissor, retratadas e representadas por:


Observações importantes:
* Quaisquer que sejam os sentimentos retratados, estes virão sempre acompanhados do sinal de pontuação, demarcado por “!”.
* Não devemos confundir o termo “ó” com o “oh”, que revela admiração, pois este necessariamente prescindirá da pontuação, enquanto que aquele, funcionando como vocativo, não. Exemplos:

Ó Deus, proteja-me.
Oh! quanta gentileza de sua parte. 

Conjunções

Em se tratando das funções estabelecidas pela diversidade de elementos que compõem as classes gramaticais, há algumas semelhantes entre si. Estamos referindo-nos ao caso das preposições e conjunções, visto que ambas têm por finalidade ligar os termos dentre um enunciado linguístico, conferindo-lhe precisão e clareza. 

Para que possamos veementemente compreender acerca desta prerrogativa, analisemos os casos abaixo relacionados:

Apenas gostaria que tivesse paciência compreensão.

Não pude comparecer ao trabalho, mas apresentei a devida justificativa.

Estudaríamos bastante, se tivéssemos tempo. 

Atendo-nos a uma análise discursiva destes, constatamos que no primeiro exemplo o termo destacado fez a junção entre as palavras “paciência” e “compreensão”. Outro aspecto de notória relevância é que as orações por ele ligadas possuem por si só um sentido completo, ou seja, são dotadas de todos os requisitos necessários à compreensão por parte do interlocutor, mesmo que desdobradas. De forma semelhante temos o segundo exemplo, no qual o “mas” apenas as conectou, pois também são sintaticamente independentes. Diante de tal ocorrência linguística, deparamo-nos com as denominadas conjunções coordenativas. 

Já no terceiro exemplo, identificamos que a palavra em evidência também fez a conexão entre duas orações, contudo, dependentes entre si. Identificamos que a segunda necessita da primeira no que se refere à noção de sentido. Aspecto que lhes confere a condição de subordinadas – dada esta mútua dependência. 

Partindo desses pressupostos, interagir-nos-emos com as respectivas características que norteiam ambas as modalidades. Vejamo-las: 

Conjunções Coordenativas


Conjunções subordinativas 
As orações subordinadas, como já expresso, caracterizam-se pela relação de dependência que a subordinada estabelece com a oração principal. São classificadas em substantivas, adjetivas e adverbiais. 

As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, as quais exercem a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, aposto e predicativo. 

Ex: Não sabemos se ela realmente virá.                         Or. subordinada substantiva objetiva direta (exercendo a função de objeto direto)

As conjunções subordinativas introduzem orações subordinadas adverbiais, exprimindo, portanto, várias circunstâncias relacionadas ao advérbio. Analisemos, pois, como são classificadas:

Conjunções subordinativas 

A flexão dos numerais


Como já é sabido, os numerais apresentam algumas peculiaridades, dentre elas, o fato de serem passíveis de flexão. Portanto, atendo-nos a ela, verificaremos a seguir alguns pressupostos dignos de nota, a começar pelos numerais cardinais:

Numerais cardinais 
Geralmente, estes não são flexionados. Exemplos:

Há dez dias não visito meus familiares.
Há encomenda de cem salgados para hoje. 

Contudo, os cardinais representados por um, dois e as centenas a partir de duzentos recebem flexão. Exemplos:

O público esperado é de aproximadamente umas quinhentas pessoas.
São duas as visitas, mas temos somente um quarto. 

Apresentando essa mesma característica também figuram os cardinais representados por “milhão, bilhão, trilhão”, etc. Exemplos:

O investimento na saúde pública foi de dois milhões de reais.
Durante a gestão daquele candidato, bilhões de verbas foram desviadas. 

Numerais ordinais 
Flexionam-se em gênero e número. Exemplo:

Os primeiros colocados irão ocupar as primeiras cadeiras. 
Numerais multiplicativos
* Quando na função de adjetivos, variam em gênero e número. Exemplos:

Durante sua graduação, recebeu duplas oportunidades de trabalho.
Carinho e atenção eram oferecidos em triplas doses. 

* Ocupando a função de substantivos apresentam-se como invariáveis. Exemplos:

O dobro dessa quantia foi oferecido aos vigilantes.
Doze é o triplo de quatro. 

Numerais fracionários 
Concordam em gênero e número com os cardinais que os antecedem. 
Foram cumpridos apenas dois terços da tarefa.
Somente uma metade da sobremesa já tinha sido consumida.

Ter que ou ter de? Dentre ou entre? Aplicações usuais

Enquanto conhecedores natos dos aspectos relacionados às peculiaridades linguísticas que, diga-se de passagem, são um tanto quanto complexas, muitas vezes atribuímos significado, grafia, dentre outros aspectos, a determinadas expressões de forma errônea. 

Mesmo em se tratando de algo natural, inerente à referida conduta, é sempre bom que estejamos cientes acerca da forma correta, para que assim não subvertamos os postulados a que se devem os padrões convencionais da língua. 

Assim sendo, colocamo-nos na condição de conhecedores de duas triviais expressões, levando-se em consideração suas principais características e, consequentemente, suas reais circunstâncias de uso. Diante disso, vejamos: 

Ter que / ter de

Estaria correta tal colocação?
Neste caso, o correto seria utilizarmos a expressão “ter de”, uma vez que esta denota obrigação, necessidade em relação a um determinado assunto – a de se preparar para a avaliação–, tornando assim evidenciada: 

Temos de estudar para a avaliação de amanhã. 
A expressão “ter que” é aplicável em situações que revelem a ideia de “ter algo para”, como em: 

Constatação efetivada, pois temos a noção de algo para executar. 

Então, atente-se para este fato, uma vez que a análise contextual parece proferir sua palavra de ordem. 

Dentre ou entre
Torna-se importante ressaltarmos para o fato de que “dentre” se revela pela contração “de” + “entre”. Desta feita, aplica-se somente aos verbos que exijam ao mesmo tempo as duas preposições, tais como: sair de, surgir de, e demais similares. Como por exemplo: 

Dentre todas as cartas, ele tirou justamente aquela premiada. 
Não havendo a condição acima prescrita, usa-se “entre”, de acordo com os seguintes casos: 

Não há nada entre Pedro e Letícia.
Entre os dois alunos, prefiro o primeiro.

Um estudo acerca de determinadas expressões

O emprego correto de determinadas palavras quase sempre está condicionado ao sentido expresso por elas. Por mais que sonoramente se mostrem semelhantes, cada uma delas ocupa seu devido lugar mediante um contexto linguístico. 

E por assim dizer, nosso foco de estudo ater-se-á de forma específica a dois casos que perfeitamente ilustram a ocorrência em questão, com vistas a enfatizar suas principais peculiaridades. Eis que são: 

Em vez de / Ao invés de
A expressão “em vez de” significa no lugar de, ou seja, tomar uma atitude no lugar de outra. Assim como nos demonstram os exemplos abaixo: 

Em vez de ficar em casa, preferiu ir ao cinema.
Optou por estudar História em vez de Matemática.
Durante o jantar, em vez de oferecer vinho, serviu champagne. 

“Ao invés de” denota o contrário, o oposto de. Assim evidenciado:

Ao invés de calar, preferiu prosseguir com as ofensas.
Comprou o carro preto, ao invés do branco.
Ao invés de dizer a verdade, optou pela omissão. 

Sob/ sobre
O livro está sobre a mesa.
Sob uma forte neblina, seguimos viagem. 

Qual a diferença entre ambos?
“Sobre” revela o sentido de algo que está em cima de. Portanto:

O livro está sobre a mesa. 
“Sob” indica o sentido de algo que se encontra embaixo de. Sendo assim: 

Sob uma forte neblina, seguimos viagem. 
Partindo desse pressuposto, jamais diga que um determinado estabelecimento está sobre nova direção, mas sim sob nova direção.

Neologismo semântico

A língua, concebida como um sistema estritamente social, revela todo o seu dinamismo ao se caracterizar como sendo um processo que está em constante transformação, permitindo que seus usuários a usufrua não somente como forma de representação do pensamento e ação, mas também como forma de se interagirem com o “outro”, fortalecendo assim suas relações interpessoais como um todo. 

E, por assim dizer, há que se mencionar que tal transformação está condicionada à própria evolução social a que os usuários estão submetidos, em se tratando das variações sociolinguísticas, mais precisamente a histórica. Fato perceptível quando nos atemos à palavra “você”, fruto de inúmeras acepções antes assumidas, evidenciadas por: vosmeçê – você – cê - vc.... 

Aqui, de forma específica, há um outro caso que representa este caráter dinâmico da linguagem – o fato de as pessoas, usualmente, atribuírem a determinadas palavras outros significados, diferentes do convencional, sem que para isso haja nenhum processo formal. Esta formalidade está relacionada ao dicionário, posto que à medida que os vocábulos vão se incorporando no dia a dia dos usuários, estes podem se tornar dicionarizados – assim como tantos outros. 

Contudo, independentemente de estarem formalizados ou não, o fato é que estes fenômenos existem e, para tanto, são passíveis de conhecimento. Assim sendo, no intuito de compreendermos melhor acerca desta ocorrência, analisemos um típico exemplo de neologismo semântico, representado pelo vocábulo “arara”:

Nossa! O chefe ficou uma arara quando soube dos últimos acontecimentos.
Atendo-nos a uma análise acerca do “real” significado a que se refere o termo em destaque, notamos que se trata de um pássaro. No entanto, de acordo com o contexto em que se dá a comunicação e, sobretudo, levando-se em consideração o objetivo pretendido pelo emissor, percebemos que a expressão se relaciona a uma atitude humana, a um determinado posicionamento adquirido pelo sujeito que pratica a ação. 

Casos semelhantes a este também tendem a se materializar, perceptíveis em: 

Não sei como aquela garota se presta a este papelão, pois parecia ser tão idônea!
O termo em evidência, tomado em seu sentido convencional, se atém a um papel grosso, dotado de uma estrutura rígida. Entretanto, assume o significado de algo ligado a uma conduta vergonhosa, desprezível. 

Em virtude de um ato ilícito – ao fazer um gato - o inquilino foi multado.
Neste contexto, “gato” representa uma ligação direta da fiação elétrica, a qual, além de ser considerada perigosa, ainda constitui uma infração, pois o cliente abstém de pagar encargos que lhe são obrigatórios. Ao passo que o verdadeiro significado se caracteriza pela figura de um animal. 

Com base nestes pressupostos, reafirmamos quão tamanha é a influência que a língua exerce sobre as relações sociais, uma vez considerada como um reflexo da cultura que incide diretamente nas manifestações de pensamentos e ideias, tendo em vista não somente o conhecimento que o falante tem de seu funcionamento (leis combinatórias e vocabulário), como também o contexto em que se efetiva o discurso ora proferido.