segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Gênero das palavras


Quando se fala em gênero das palavras, este termo nos remete aos conhecimentos dos quais dispomos acerca dos fatos linguísticos. Gênero, por sua vez, representa as flexões que se atribuem às classes de palavras, tais como os substantivos, os adjetivos, entre outros, quanto à classificação em feminino ou masculino. Enfim, flexões que permitem que tais classes permutem, variem.

Assim sendo, afirma-se que o gênero diz respeito à variação da forma masculina e da feminina, inerente a alguns vocábulos. Ele, assim como tantos outros elementos que perfazem a língua como um todo, torna-se passível de alguns questionamentos por parte de alguns usuários – fato esse que deu origem à finalidade discursiva do presente artigo.

Dessa forma, no intuito de abordar determinadas ocorrências que retratam o assunto em questão, eis que passaremos a analisá-las e, consequentemente, incorporá-las ao nosso conhecimento.


# O êxtase ou a êxtase?
Devemos levar em consideração que êxtase é um substantivo masculino. Portanto, convém sempre dizermos: O ÊXTASE.

# O musse ou a musse?
Em se tratando da concepção atribuída nos dicionários Aurélio e Houaiss, musse é um substantivo feminino. Logo, A MUSSE.

# O guaraná ou a guaraná?
Guaraná é um substantivo masculino. Portanto, O GUARANÁ.

# O dó ou a dó. Você está com um dó imenso ou uma dó imensa?
Acredite: o correto é O DÓ, proferido na forma masculina.

# O diabete ou a diabete?
Partindo do pressuposto de que diabete ou diabetes é um substantivo comum de dois gêneros, tanto faz. Podemos dizer O DIABETE, A DIABETE, A DIABETES, O DIABETES.

# O chinelo ou a chinela?
Cumpre dizer que ambas as formas são aceitas. No entanto, O CHINELO é a forma mais usual.

# O cal ou a cal?
Cal é um substantivo feminino. Portanto, nada mais conveniente que dizermos A CAL.

# O alface ou a alface?
A ALFACE, visto que tal substantivo é feminino.

# O omelete ou a omelete?
Em se tratando deste caso, vale ressaltar as diferenças demarcadas entre alguns dicionários, uma vez que o Aurélio registra “a omelete”, enquanto que o Houaiss e o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) consideram omelete como um substantivo comum de dois gêneros. Sendo assim, as duas formas são consideradas corretas.

Interjeições




Percebeu quão diversificados são os recursos linguísticos dos quais podemos compartilhar para compor nosso discurso? Servimo-nos de forma específica das preposições, cuja finalidade se atribui à forma pela qual expressamos os mais variados sentimentos que norteiam nossa vivência.

Diante disso, as circunstâncias em que se mostram aplicáveis se referem às intenções do próprio emissor, retratadas e representadas por:


Observações importantes:
* Quaisquer que sejam os sentimentos retratados, estes virão sempre acompanhados do sinal de pontuação, demarcado por “!”.
* Não devemos confundir o termo “ó” com o “oh”, que revela admiração, pois este necessariamente prescindirá da pontuação, enquanto que aquele, funcionando como vocativo, não. Exemplos:

Ó Deus, proteja-me.
Oh! quanta gentileza de sua parte. 

Conjunções

Em se tratando das funções estabelecidas pela diversidade de elementos que compõem as classes gramaticais, há algumas semelhantes entre si. Estamos referindo-nos ao caso das preposições e conjunções, visto que ambas têm por finalidade ligar os termos dentre um enunciado linguístico, conferindo-lhe precisão e clareza. 

Para que possamos veementemente compreender acerca desta prerrogativa, analisemos os casos abaixo relacionados:

Apenas gostaria que tivesse paciência compreensão.

Não pude comparecer ao trabalho, mas apresentei a devida justificativa.

Estudaríamos bastante, se tivéssemos tempo. 

Atendo-nos a uma análise discursiva destes, constatamos que no primeiro exemplo o termo destacado fez a junção entre as palavras “paciência” e “compreensão”. Outro aspecto de notória relevância é que as orações por ele ligadas possuem por si só um sentido completo, ou seja, são dotadas de todos os requisitos necessários à compreensão por parte do interlocutor, mesmo que desdobradas. De forma semelhante temos o segundo exemplo, no qual o “mas” apenas as conectou, pois também são sintaticamente independentes. Diante de tal ocorrência linguística, deparamo-nos com as denominadas conjunções coordenativas. 

Já no terceiro exemplo, identificamos que a palavra em evidência também fez a conexão entre duas orações, contudo, dependentes entre si. Identificamos que a segunda necessita da primeira no que se refere à noção de sentido. Aspecto que lhes confere a condição de subordinadas – dada esta mútua dependência. 

Partindo desses pressupostos, interagir-nos-emos com as respectivas características que norteiam ambas as modalidades. Vejamo-las: 

Conjunções Coordenativas


Conjunções subordinativas 
As orações subordinadas, como já expresso, caracterizam-se pela relação de dependência que a subordinada estabelece com a oração principal. São classificadas em substantivas, adjetivas e adverbiais. 

As conjunções integrantes introduzem as orações subordinadas substantivas, as quais exercem a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, aposto e predicativo. 

Ex: Não sabemos se ela realmente virá.                         Or. subordinada substantiva objetiva direta (exercendo a função de objeto direto)

As conjunções subordinativas introduzem orações subordinadas adverbiais, exprimindo, portanto, várias circunstâncias relacionadas ao advérbio. Analisemos, pois, como são classificadas:

Conjunções subordinativas 

A flexão dos numerais


Como já é sabido, os numerais apresentam algumas peculiaridades, dentre elas, o fato de serem passíveis de flexão. Portanto, atendo-nos a ela, verificaremos a seguir alguns pressupostos dignos de nota, a começar pelos numerais cardinais:

Numerais cardinais 
Geralmente, estes não são flexionados. Exemplos:

Há dez dias não visito meus familiares.
Há encomenda de cem salgados para hoje. 

Contudo, os cardinais representados por um, dois e as centenas a partir de duzentos recebem flexão. Exemplos:

O público esperado é de aproximadamente umas quinhentas pessoas.
São duas as visitas, mas temos somente um quarto. 

Apresentando essa mesma característica também figuram os cardinais representados por “milhão, bilhão, trilhão”, etc. Exemplos:

O investimento na saúde pública foi de dois milhões de reais.
Durante a gestão daquele candidato, bilhões de verbas foram desviadas. 

Numerais ordinais 
Flexionam-se em gênero e número. Exemplo:

Os primeiros colocados irão ocupar as primeiras cadeiras. 
Numerais multiplicativos
* Quando na função de adjetivos, variam em gênero e número. Exemplos:

Durante sua graduação, recebeu duplas oportunidades de trabalho.
Carinho e atenção eram oferecidos em triplas doses. 

* Ocupando a função de substantivos apresentam-se como invariáveis. Exemplos:

O dobro dessa quantia foi oferecido aos vigilantes.
Doze é o triplo de quatro. 

Numerais fracionários 
Concordam em gênero e número com os cardinais que os antecedem. 
Foram cumpridos apenas dois terços da tarefa.
Somente uma metade da sobremesa já tinha sido consumida.

Ter que ou ter de? Dentre ou entre? Aplicações usuais

Enquanto conhecedores natos dos aspectos relacionados às peculiaridades linguísticas que, diga-se de passagem, são um tanto quanto complexas, muitas vezes atribuímos significado, grafia, dentre outros aspectos, a determinadas expressões de forma errônea. 

Mesmo em se tratando de algo natural, inerente à referida conduta, é sempre bom que estejamos cientes acerca da forma correta, para que assim não subvertamos os postulados a que se devem os padrões convencionais da língua. 

Assim sendo, colocamo-nos na condição de conhecedores de duas triviais expressões, levando-se em consideração suas principais características e, consequentemente, suas reais circunstâncias de uso. Diante disso, vejamos: 

Ter que / ter de

Estaria correta tal colocação?
Neste caso, o correto seria utilizarmos a expressão “ter de”, uma vez que esta denota obrigação, necessidade em relação a um determinado assunto – a de se preparar para a avaliação–, tornando assim evidenciada: 

Temos de estudar para a avaliação de amanhã. 
A expressão “ter que” é aplicável em situações que revelem a ideia de “ter algo para”, como em: 

Constatação efetivada, pois temos a noção de algo para executar. 

Então, atente-se para este fato, uma vez que a análise contextual parece proferir sua palavra de ordem. 

Dentre ou entre
Torna-se importante ressaltarmos para o fato de que “dentre” se revela pela contração “de” + “entre”. Desta feita, aplica-se somente aos verbos que exijam ao mesmo tempo as duas preposições, tais como: sair de, surgir de, e demais similares. Como por exemplo: 

Dentre todas as cartas, ele tirou justamente aquela premiada. 
Não havendo a condição acima prescrita, usa-se “entre”, de acordo com os seguintes casos: 

Não há nada entre Pedro e Letícia.
Entre os dois alunos, prefiro o primeiro.

Um estudo acerca de determinadas expressões

O emprego correto de determinadas palavras quase sempre está condicionado ao sentido expresso por elas. Por mais que sonoramente se mostrem semelhantes, cada uma delas ocupa seu devido lugar mediante um contexto linguístico. 

E por assim dizer, nosso foco de estudo ater-se-á de forma específica a dois casos que perfeitamente ilustram a ocorrência em questão, com vistas a enfatizar suas principais peculiaridades. Eis que são: 

Em vez de / Ao invés de
A expressão “em vez de” significa no lugar de, ou seja, tomar uma atitude no lugar de outra. Assim como nos demonstram os exemplos abaixo: 

Em vez de ficar em casa, preferiu ir ao cinema.
Optou por estudar História em vez de Matemática.
Durante o jantar, em vez de oferecer vinho, serviu champagne. 

“Ao invés de” denota o contrário, o oposto de. Assim evidenciado:

Ao invés de calar, preferiu prosseguir com as ofensas.
Comprou o carro preto, ao invés do branco.
Ao invés de dizer a verdade, optou pela omissão. 

Sob/ sobre
O livro está sobre a mesa.
Sob uma forte neblina, seguimos viagem. 

Qual a diferença entre ambos?
“Sobre” revela o sentido de algo que está em cima de. Portanto:

O livro está sobre a mesa. 
“Sob” indica o sentido de algo que se encontra embaixo de. Sendo assim: 

Sob uma forte neblina, seguimos viagem. 
Partindo desse pressuposto, jamais diga que um determinado estabelecimento está sobre nova direção, mas sim sob nova direção.

Neologismo semântico

A língua, concebida como um sistema estritamente social, revela todo o seu dinamismo ao se caracterizar como sendo um processo que está em constante transformação, permitindo que seus usuários a usufrua não somente como forma de representação do pensamento e ação, mas também como forma de se interagirem com o “outro”, fortalecendo assim suas relações interpessoais como um todo. 

E, por assim dizer, há que se mencionar que tal transformação está condicionada à própria evolução social a que os usuários estão submetidos, em se tratando das variações sociolinguísticas, mais precisamente a histórica. Fato perceptível quando nos atemos à palavra “você”, fruto de inúmeras acepções antes assumidas, evidenciadas por: vosmeçê – você – cê - vc.... 

Aqui, de forma específica, há um outro caso que representa este caráter dinâmico da linguagem – o fato de as pessoas, usualmente, atribuírem a determinadas palavras outros significados, diferentes do convencional, sem que para isso haja nenhum processo formal. Esta formalidade está relacionada ao dicionário, posto que à medida que os vocábulos vão se incorporando no dia a dia dos usuários, estes podem se tornar dicionarizados – assim como tantos outros. 

Contudo, independentemente de estarem formalizados ou não, o fato é que estes fenômenos existem e, para tanto, são passíveis de conhecimento. Assim sendo, no intuito de compreendermos melhor acerca desta ocorrência, analisemos um típico exemplo de neologismo semântico, representado pelo vocábulo “arara”:

Nossa! O chefe ficou uma arara quando soube dos últimos acontecimentos.
Atendo-nos a uma análise acerca do “real” significado a que se refere o termo em destaque, notamos que se trata de um pássaro. No entanto, de acordo com o contexto em que se dá a comunicação e, sobretudo, levando-se em consideração o objetivo pretendido pelo emissor, percebemos que a expressão se relaciona a uma atitude humana, a um determinado posicionamento adquirido pelo sujeito que pratica a ação. 

Casos semelhantes a este também tendem a se materializar, perceptíveis em: 

Não sei como aquela garota se presta a este papelão, pois parecia ser tão idônea!
O termo em evidência, tomado em seu sentido convencional, se atém a um papel grosso, dotado de uma estrutura rígida. Entretanto, assume o significado de algo ligado a uma conduta vergonhosa, desprezível. 

Em virtude de um ato ilícito – ao fazer um gato - o inquilino foi multado.
Neste contexto, “gato” representa uma ligação direta da fiação elétrica, a qual, além de ser considerada perigosa, ainda constitui uma infração, pois o cliente abstém de pagar encargos que lhe são obrigatórios. Ao passo que o verdadeiro significado se caracteriza pela figura de um animal. 

Com base nestes pressupostos, reafirmamos quão tamanha é a influência que a língua exerce sobre as relações sociais, uma vez considerada como um reflexo da cultura que incide diretamente nas manifestações de pensamentos e ideias, tendo em vista não somente o conhecimento que o falante tem de seu funcionamento (leis combinatórias e vocabulário), como também o contexto em que se efetiva o discurso ora proferido.

Polissemia

Antes mesmo de nos “deleitarmos” mediante os recursos inimagináveis oferecidos pela linguagem, sugere-se como “entrada” uma reflexão acerca do discurso concernente aos enunciados linguísticos, assim elucidados:

Nossas mãos requerem um cuidado maior durante esta estação, posto que o clima predominante é o seco.

Que prato divino! Sua mãe tem mesmo mãos de fada para cozinhar.

Precisamos dar cabo a todo este desânimo que nos assola.

Como o pai de Gustavo é cabo do exército, ele também pretende seguir a carreira militar.
Constatamos que se constituem de termos idênticos (mãos/cabo). Contudo, parte-se do pressuposto que tais termos estão condicionados a um dado contexto – condição elementar para que possamos analisar o sentido retratado por estes. Assim sendo, façamos uma análise no intuito de detectá-lo:

O sentido do vocábulo “mãos” no primeiro exemplo refere-se a uma parte constitutiva do corpo humano, enquanto que no segundo se atém à noção de habilidade, aptidão para exercer atividades relacionadas à culinária. 

No terceiro enunciado, temos que “cabo” se encontra condicionado à ideia de desapego, ou seja, livrar-se de algo inconveniente, que importuna. De acordo com último, temos que o mesmo termo já se refere a uma posição hierárquica, em se tratando dos estágios condizentes ao campo profissional em questão. 

Servimo-nos destes pressupostos para mais uma vez constatarmos o dinamismo e a flexibilidade da qual se perfaz a língua, posto que uma mesma palavra pode revelar distintos sentidos, bastando para isso, somente estar inserida em uma circunstância linguística de forma específica – modalidade ora concebida como polissemia que, literalmente, a começar pelo radical “-poli”, já nos induz à presente significação: “diversidade”. Vejamos ainda outros casos representativos:

Venha experimentar seu vestido, pois faltam somente as mangas para que ele fique pronto.

Uma das frutas saudáveis, e que eu aprecio é a manga. 
Tenha cuidado ao recostar aí, pois o braço do sofá está solto.

Como era previsível, Pedro quebrou o braço em uma de suas terríveis peraltices.

Paronímia


Diante dos enunciados que seguem, analisemos:

A pessoa que estava ao seu lado demonstrou ser um cavalheiro. 
A carreata seguiu adiante acompanhada dos cavaleiros trajados a rigor.
Constatamos a presença de dois vocábulos que se mostram semelhantes, tanto no som quanto na grafia. Entretanto, quando analisadas de modo contextual, retratam significados divergentes, haja vista que na primeira oração o sentido se refere a uma atitude cordial, educada. Já na segunda, o sentido se atém a um determinado grupo que, supostamente, saiu em cavalgada rumo a um determinado lugar.

Mediante tal ocorrência, deparamo-nos com uma particularidade linguística, ora caracterizada pela paronímia – relacionada à Semântica – estabelecendo uma estreita relação com o significado das palavras de acordo com o contexto em que se inserem. Não somente os casos evidenciados acima, mas também tantos outros representam a classe a qual denominamos de parônimos. Vejamos a seguir uma relação destes:


O vocábulo só – traços peculiares

Ao compreendermos acerca das particularidades que norteiam as classes gramaticais, uma a que sempre fazemos referência é o fato de algumas serem passíveis de flexão e outras não. Entre as que demonstram tal aspecto estão os substantivos, adjetivos, artigos, numerais, alguns pronomes e verbos. Integrando as que não se flexionam estão os advérbios, preposições e conjunções. 

Tal pressuposto nos permitirá compreender efetivamente o assunto que ora se evidencia – o fato de o termo “só” ora ser passível de flexão, ora não. Retratando o sentido de sozinho, ele ocupará a função de um adjetivo, concordando, portanto, com o termo a que se refere. Vejamos alguns exemplos: 

Os garotos estão sós há um bom tempo. Constatamos que a palavra em questão concorda com o substantivo “garotos”, o qual se encontra pluralizado.

Ele se sentia muito só. Idem à análise anterior.
Representando a função de advérbio, denota o sentido de “apenas”, “somente”, tornando-se invariável. 

Gostaria de  lhe dar um abraço. (apenas lhe dar um abraço)
Viajarei  amanhã. (somente)
Mediante tais pressupostos, vale ressaltar acerca de mais uma particularidade: o fato de o advérbio “só” possuir valor restritivo, razão pela qual a posição em que ele se encontra disposto na oração representa um aspecto de grande significância. Sendo assim, analisemos: 

Os garotos, amanhã, só treinarão. (não jogarão oficialmente)Os garotos jogarão só amanhã. (e não hoje)
Por meio dos exemplos, há que se constatar que as diferentes posições assumidas pelo termo em referência (uma vez considerado como um advérbio impróprio ou uma palavra denotativa de exclusão) evidenciam o termo que por ele é modificado. Dessa forma, concluímos que no primeiro enunciado ele modifica o verbo (só treinarão, mas não realizarão outro procedimento); já no segundo modifica o advérbio (só amanhã, não outro dia). 

Essas afirmações, uma vez elencadas, capacita-nos a construir discursos bem elaborados, claros e precisos, abstendo-os de quaisquer traços de ambiguidade, tendo em vista o contexto em que uma determinada palavra foi empregada (não somente essa, objeto de nosso estudo, mas também tantas outras).

Hiperonímia e Hiponímia


Hiperonímia e Hiponímia... Tais vocábulos estão relacionados ao estudo da semântica – ciência que se ocupa do significado das palavras. Nela falando, sempre nos vêm à mente algumas noções relacionadas à antonímia, sinonímia, polissemia, paronímia, homonímia, mas quase nunca ouvimos falar da hiperonímia e da hiponímia. Sendo assim, vejamos um pouco acerca das características que as norteiam:
Partindo do princípio de que as palavras estabelecem entre si uma relação de significado, observe este enunciado:
Fomos à feira e compramos maçã, banana, abacaxi, melão... Nossa! Como estavam baratas, pois são frutas da estação.
Atendo-nos aos vocábulos “maçã”, “banana”, “abacaxi”, “melão” e também “frutas”, perguntamo-nos: existe alguma relação entre eles? Toda, não é verdade? Desse modo, ao observar o conceito de hiperonímia e hiponímia, chegaremos à conclusão ora pretendida. Note:
Hiperonímia = como o próprio prefixo já nos indica, esta palavra confere-nos uma ideia de um todo, sendo que deste todo se originam outras ramificações, como é o caso de frutas.
Hiponímia = demarcando o oposto do conceito da palavra anterior, podemos afirmar que ela representa cada parte, cada item de um todo, no caso: maçã, banana, abacaxi, melão. Sim, essas são palavras hipônimas.
E frutas? “Frutas” representa, portanto, uma palavra hiperonímica de todas as que a ela se relacionam!!!
Eis a grande diferença que demarca o objeto de estudo aqui abordado.

Os novos verbetes do Aurélio


Mediante o ato de consultarmos o dicionário, nem sempre nos interessamos ou não encontramos tempo suficiente para analisarmos todas as informações contidas nesta ou naquela palavra que ora representa o objeto de nossa busca. Sendo assim, no intento de focarmos um pouco mais tal fato, comecemos nossa discussão compreendendo um pouco mais sobre o que representa o termo verbete.

Atribui-se a ele todo o conjunto de informações referentes a um dado vocábulo, tendo em vista as distintas acepções semânticas (relativas ao significado) que este possa ter, bem como outras relevantes informações, tais como as gramaticais – geralmente representadas por meio de abreviaturas e siglas. Como é o caso das apresentadas a seguir:

s.m. Significa que é um substantivo masculino.
s.f. Significa que é um substantivo feminino.
adj. - Adjetivo
num. - Numeral
adv. - Advérbio
v. - Verbo
prep. - Preposição
subst. - Substantivo
Acent. Gráf.- Acentuação gráfica
Com tais informações agora elencadas, partamos rumo ao conhecimento de importantes fatos relacionados ao assunto em questão. Para tanto, elegemos aquele que é considerado o quinto mais popular dos dicionários – o Aurélio, uma vez que em comemoração ao centenário de seu autor – Aurélio Buarque de Holanda – este chega até nós trazendo uma leva de vocábulos que chegaram para incorporar o conjunto lexical com o qual cotidianamente compartilhamos.

Ineditismo à vista, vale mencionar que tal ocorrência se deu em virtude do notável dinamismo que atualmente impera no cotidiano social, operando grandes transformações, inclusive em termos linguísticos. Assim, como não falar das inovações tecnológicas, uma vez que elas, de forma singular, evidenciaram sua “cota de participação”, revelando que a era digital não ficou à espreita? Sobre isso, analisemos as palavras de Neusa Maria Oliveira Barbosa Bastos, professora do Centro de Comunicação e Letras do Mackenzie:

É importante a entrada de palavras ligadas aos avanços tecnológicos, porque denominam novos hábitos e ações que se tornam comuns no cotidiano dos brasileiros.
Outro aspecto, também passível de nota, é que outras palavras, constantemente utilizadas na linguagem cotidiana – agora muito mais do que antes – também foram incorporadas, como é o caso de Ricardão (um termo utilizado para designar o amante), botox (tratamento estético utilizado na contenção de sinais advindos do envelhecimento da pele), nerd (aquele que se destaca nos estudos), bullying (atos de agressão física ou psicológica), entre muitos outros.

Sem falar em uma significativa quantidade de vocábulos estrangeiros que entre nós circulam, cujo objetivo se baseia na orientação dos estrangeiros ou seus professores de português – público este até então desprivilegiado pela maioria dos dicionários.

Partindo-se dessa prerrogativa, analisemos, pois, algumas das já retratadas inovações que ocorreram:

Ecobag – Sacola feita com material biodegradável.

Mochileiro – Alguém que viaja com pouca bagagem.

Pet shop – Loja que dispõe de serviços que atendem às necessidades de animais domésticos.

Test drive – Avaliação direcionada ao desempenho de um veículo ao dirigi-lo.

SAMU – sigla referente a Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

Enem – Sigla relativa a Exame Nacional do Ensino Médio.

E-book – [ingl.]- Substantivo masculino. V. livro eletrônico.

Tablet – [Ingl.] – Substantivo masculino. Inform. 1 – Computador de uso pessoal que possui tela sensível ao toque. 2. Tipo especial de caneta, usada para registrar notas diretamente na tela do computador.

Spam – [Ingl.] – Substantivo masculino. Inform. Mensagem publicitária ou não, recebida via correio eletrônico sem o consentimento ou solicitação do usuário.

Blogar – Verbo intransitivo. Manter um blog (em se tratando dos internautas). [Conjug.: rogar.]

Tuitar – [do inglês twitt(er) + -ar2]- verbo intransitivo. 1. Postar no twitter comentários, informações, fotos, etc. ger. de caráter pessoal ou institucional. 2. Acompanhar os fatos, ideias, informações, etc. registradas por alguém em seu twitter. [conjug.: ajuizar.]

Criação lexical


A complementação explicativa que se dá ao assunto em questão, “criação lexical”, evoca-nos a discussão acerca da dinamicidade da língua, ora concebida como um organismo vivo. Bem ao gosto camoniano, podemos afirmar que é bem verdade, haja vista que mediante a mudança do tempo há também a mudança das vontades. Ou seja, tal qual nos deparamos com a evolução que desponta por aí, assim também ocorre como a maneira que falamos. Sim, pois tudo é dinâmico, e dinâmica também é a nossa relação interpessoal. De forma explícita, verifiquemos as palavras proferidas por Manuel Bandeira:
[...]
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro,
 Teodora.
Sobretudo em se tratando do discurso presente no poema, constatamos que o verbo “teadorar” se aplica perfeitamente à ideia abordada, embora ele não faça parte daqueles listados pelo dicionário. Nosso imortal Guimarães Rosa também criou “amormeuzinho” e tantos outros exemplos que atestam que nossa capacidade de inventar e reinventar é infinita. Isso mostra tão somente o que já foi posto em discussão – o caráter funcional da língua.
Prova também disso são os neologismos semânticos (que também são exemplos de criações lexicais), nos quais uma palavra, tida em seu sentido original, passa a adquirir outro significado, em função do contexto em que é empregada.
Outra realidade se faz presente na linguagem dos internautas, na qual surgem novas palavras a cada dia e estas vão se incorporando cada vez mais ao cotidiano linguístico daqueles que as utilizam.
Dessa forma, há quem se sinta questionado acerca da probabilidade de essas novas palavras, um dia, virem a se tornar formalizadas, ou seja, retratadas pelos dicionários. Cabe aqui enfatizar dois elementos preponderantes: a aceitação e, posteriormente, a dicionarização – haja vista que sendo aceitos pela comunidade linguística ainda há uma pontinha de esperança de que um dia tais palavras possam fazer parte dos moldes cultos da língua, não acha?

Eventual ou possível?


Antes de observarmos as características que demarcam os referidos vocábulos, “eventual e possível”, devemos compreender que todas as palavras que integram nosso léxico, e até mesmo aquelas das quais ainda não temos conhecimento, carregam em si uma carga semântica, ou seja, são dotadas de um significado – ora tido como original, ora incorporado por meio do dinamismo que norteia as relações humanas, das circunstâncias comunicativas oriundas de tais relações.
Munidos dessa percepção, mostramo-nos aptos a construir nosso discurso, tendo em vista as intenções, as finalidades que desejamos atingir. Mas a chance de alguns desvios se manifestarem é inevitável, sobretudo em se tratando da utilização de determinadas palavras de forma inadequada, quase sempre proporcionada pela concepção de que esta ou aquela representa um sinônimo uma da outra – como é o que ocorre nessas duas: “eventual e possível”. Vejamos o porquê de tal ocorrência e aproveitemos para ampliar nosso conhecimento acerca do caso:
Eventual se refere a algo que ocorre de forma esporádica, de vez em quando. E algo possível faz referência àquilo que pode ocorrer.
Assim sendo, a título de ilustrarmos a presente situação, analisemos:
Um problema eventual é aquele que pode ocorrer de vez em quando.
Um possível problema é aquele que pode assim se tornar.
Dessa forma, nada de dizermos:
Diante da ocorrência de eventuais problemas, previna-se, se a intenção é a de se referir à possibilidade de eles ocorrerem. A não ser que o intuito seja o de mencionar que eles ocorrem vez ou outra.
Nesse sentido (dada a finalidade primeira), o correto é dizermos:
Diante da ocorrência de possíveis problemas, previna-se.